quarta-feira, 17 de setembro de 2008

A revolução dos bits

Com vocês, meu artigo de estréia no REDCAST, da RedCafé Comunicação (espero que gostem):

A REVOLUÇÃO DOS BITS
16/09/08

Por Andrei Bastos

O jornalista Arthur Sulzberger Jr. tem toda razão em não estar nem aí para a possibilidade de o jornal New York Times, do qual é publisher, colocar sua última edição impressa nas ruas em 2014 ou 2043, como informou Nelson Vasconcelos na coluna Conexão Global, no jornal O Globo de 9 de setembro. Era o mínimo que se podia esperar de quem é responsável por este verdadeiro “Planeta Diário”.

A analogia com histórias de ficção científica e super-heróis não fica por aí, pois o mundo está vivendo uma revolução sem precedentes, extremamente rápida, pacífica e silenciosa, promovida pela internet. Não é à toa que na mesma edição de O Globo, na página de Opinião, um articulista reage ao avanço da rede dizendo que ela “pode ser a negação das verdades”, que o “acesso livre à informação pode ser um soporífero intelectual”. Ele procura livrar a cara dizendo que “pode ser”, mas a impressão que fica do seu texto é de total inconsciência das dimensões atuais dos negócios e da vida.

Assim como os negócios, a vida também é realizada em escala planetária já há bastante tempo, e tudo por culpa da rede mundial de computadores. Ao contrário do que afirma o articulista, muita vida é resolvida com consciência e sólido conhecimento por meio das redes de relacionamento e discussão da web, que passaram a ter grande importância, com destaque nos processos de encaminhamentos políticos, tanto em âmbito regional como internacional.

Existem grupos de discussão na internet de todo tipo e um conjunto desses grupos, com o denominador comum das deficiências, recentemente deu uma excelente demonstração do poder e da efetividade dessas redes. Grupos na internet de pessoas com todas as deficiências, em separado, se uniram numa grande rede mundial para construir o texto da Convenção Sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU, aprovado em 13 de dezembro de 2006 depois de ampla e planetariamente discutido desde a sua proposição pelo presidente mexicano Vicente Fox, durante assembléia geral da ONU em 2001.

Essa união das redes se repetiu depois, nacionalmente, em torno do objetivo comum da ratificação pelo Brasil dessa mesma Convenção da ONU. O primeiro passo foi dado no dia 23 de novembro de 2007, quando representantes de instituições ligadas às pessoas com deficiência de todo o país, em consenso resultante das manifestações encaminhadas pela internet, definiram, em reunião com os deputados na Câmara Federal, a priorização da ratificação da Convenção, em detrimento de uma proposta de Estatuto em tramitação.

O segundo passo, de significado valioso, foi dado no dia em que ocorreu a primeira votação na Câmara. No início da tarde, de dentro do plenário, usando seus smartphones, alguns deputados mandaram e-mails desanimadores, dizendo que não seria possível conseguir os votos necessários para aprovação com equivalência de emenda constitucional, que era o objetivo. Diante do torpedeamento pela internet e pelos celulares que receberam de todo o país, dizendo que aquela era a hora, eles foram à luta e a vitória foi retumbante, uma grande vitória dos bits!

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