quarta-feira, 1 de abril de 2009

Algumas vezes a melhor palavra é o silêncio, mas não no aniversário de 45 anos do golpe militar.

Se 1968 foi o ano que não terminou, 1964 foi o ano em que o Brasil silenciou, diante do que se transformaria pouco tempo depois em um ditadura sanguinária. A Tradição Família e Propriedade, conhecida como TFP, exigia ordem e os jovens revolução.Brizola esperava pelas armas que nunca chegaram e os tanques estavam nas ruas.

Se fosse adolescente ou jovem naqueles dias, quando nem ainda havia ainda nascido, certamente teria sido mais uma nas fileiras dos jovens revolucionários e idealistas que sonhavam com um mundo melhor,fosse pelo modelo trotskista,Maoista ou a terceira via.O fato é que não aceitavam injustiças, estavam cansados e com o furor da juventude se entregavam à luta, que para muitos foi fatal.

A omissão apoiou o golpe militar, a omissão é muitas vezes mais forte que gritos e ações. A omissão é uma grande forma de ação. Diante da TFP nas ruas, dos estudantes e da prometida reforma agrária, a classe media se assustava e defendia a sua própria causa. Eram tempos de mudanças de comportamento, reformas e loucuras intensas que assustavam os mais conservadores, mas o medo que o Brasil virasse Cuba era o que mais motivava o conservadorismo.

Depois de muita luta, anos depois meus parentes morreram, meu pai foi para uma cidade do interior com a família e me restaram fragmentos da memória. Da visita ao Maurício Grabois já na clandestinidade , as histórias sobre Andre Grabois, meu primo que morreu assassinado no Araguaia e que não pode ser enterrado até hoje, as torturas sofridas por tantos e tantos. Os relatos do ex deputado Amadeu Rocha,já falecido, e que guardava fortes e aterrorizantes marcas de tortura, e de um querido amigo, que ainda vive, mas que amarga um câncer, fruto de uma prática de tortura chamada “telefone”.

Não me sinto à vontade para falar em outros nomes, mas poderia citar muitos e inúmeros fatos verídicos, envolvendo inclusive familiares, Mas o fato é que não há como construir uma ampla agenda de direitos humanos antes que está página da história seja passada a limpo, lida e relida, e possa ser contada para as novas gerações,e em todas as escolas do Brasil Hoje é 31 de março e amanhã 1o de abril, e há 45 anos o Brasil acordava com tanques nas ruas. Quero acordar amanhã com os arquivos da ditadura abertos nas mãos e sabendo que os torturadores serão responsabilizados pelos seus crimes cometidos contra a humanidade.



Claudia Grabois

Rede Inclusiva

http://rede-inclusiva.blogspot.com

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