domingo, 31 de agosto de 2008

NÃO É SONHO!!!

De fato quando falamos em inclusão de pessoas
com deficiência,muitos ainda relacionam o assunto
a pena,migalhas e caridade.

Talvez seja um ranço próprio da educação,que ensinava
os filhos quando muito a enxergar pessoas com
deficiência como sujeitos para compaixão,por
parte daqueles que eram 'perfeitos e normais' aos
olhos da sociedade.

Foram centenas de anos de isolamento,exclusão e
invisibilidade e este quadro não mudará facilmente
pois em 2008, a despeito das leis que favorecem a
inclusão, ainda continua o quadro de invisibilidade
social .Cada criança que nasce e cada pessoa
que se torna deficiente marca o ínicio de uma nova
luta pelo reconhecimento, pela aceitação e pela
dignidade humana.

Os meios de comunicação não favorecem, pois as
induções e linguagem inapropriadas fazem com que
a segregação siga o seu curso e contribua para
a continuidade do preconceito e por consequência
da discriminação.

As pessoas com deficiência e suas famílias precisam
assumir o papel de protagonistas de suas próprias
histórias e escolher em que modelo social pretendem
viver e fazer com que se torne realidade.
Pois de nada adianta leis que não são reconhecidas
de fato pelos principais interessados.

Nossas leis falam em reconhecimento, autonomia, direitos
iguais, modelo social, inserção laboral, direitos e deveres,
acessibilidade,inclusão, educação inclusiva e criminalizam
a discriminação.
E a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência,
já promulgada e com todos seus trâmites cumpridos,já vigora
reforçando e definindo a escolha pelo caminho da inclusão plena
e da dignidade humana.

De fato existe uma militância ativa, que busca os direitos
mas a pergunta é se os demais interessados estão acom
panhando e vivenciando estas mudanças, e mais ainda,
se reconhecem a si mesmos como sujeitos desta história
de lutas pelos direitos humanos das pessoas com defici
ência.

A despeito de todas as leis que existem e virão a exister
pessoas com deficiência só deixarão de ser invisíveis se
forem vistas como protagonistas e não como coadjuvantes
na medida que se sentirem cidadãos e merecedores da
cidadania e a medida que se reconhecerem no outro,seja
ele com ou sem deficiência.
O reconhecimento do que se é,livre de barreiras pessoais,
livres do auto preconceito e da não aceitação dos que os
cercam produz o sujeito pleno de direitos.

Para que adiantam as leis se não nos julgamos merecedores
delas?
Para que leis que garantem a inclusão se não são usadas
pela constatação de que os filhos darão 'mais trabalho' e
é 'mais difícil' para o professor ensinar a criança ou o
adolescente com deficiência intelectual,o seu filho.
E como se estudar em classe regular já não fosse um direito
adquirido, e mais ainda,um direito inalienável.
Para que a lei de Libras se não exigimos que saia do papel.
Para que todas as outras leis, pois se pensarmos que
pessoas com deficiência somam quase 25.000.000
poderíamos estar promovendo a revolução inclusiva,que
por sinal seria legal.Seria talvez uma revolução social
legalista,para mudança da própria sociedade com base
na legalidade.
Que não seja por falta de leis.

O questionamento começa em como agiriam as pessoas
que tem deficiência ou tem filhos com deficiência se não
os tivessem. Teriam preconceitos? Será que muitos mesmo
que não saibam ainda tem? Será que reconhecemos de fato
pessoas com deficiência como cidadãos plenos, como pro
tagonistas? Como será que ocorre esta mudança que
uma vez provocada pela própria vida não volta atrás e
e muito embora seja rica, talvez não seja fácil se situar
dentro dela, com as novas vivências e necessidades, e
principalmente por que cada um é o que é, e seres humanos
são complexos , nós somos todos assim.Um mar de ques
tionamentos e dúvidas.

Talvez seja por isto que no caso das pessoas com deficiência
as políticas públicas de inclusão caminham muito na frente.
Ainda não entendemos que política no papel não é política
executada e que o papel da sociedade é cobrar com todos
os meios possíveis, seja através de mobilizações ou ações
jurícidas o seu cumprimento.

Por outro lado acredito que não seja um ranço apenas nosso
mas da sociedade em que vivemos,que se pensarmos bem,
são poucos os segmentos que reivindicam seus direitos e
apenas aqueles que o fazem tem êxito.

A questão é se queremos inclusão e acessibilidade plena
e se acreditamos de verdade que pessoas com deficiência
são pessoas, que fazem parte da diversidade, que é com
posta por pessoas com e sem deficiência e com várias outras
características, podem se baixas, gordas, altas, usar óculos,
loiras, morenas,de religiões variadas ou ateus,e muitas
outras características que só gente tem.

Bem, é para pensar no que queremos e em que acreditamos,
por que não existe quase inclusão, mas existem outras
coisas como integração, modelo de saúde, assistencialismo,
que muitas pessoas podem querem engatar na inexistente
quase inclusão.
Mas se é a inclusão o que queremos então vamos lutar
por ela, lutem para que se torne realidade. Pela primeira
vez temos a faca e o queijo na mão, não é nada fácil,
mas nunca foi tão possível.
Não é um sonho, é realidade possível e acessível, basta
querer, acreditar e ousar para si mesmo.


Claudia Grabois
Rede Inclusiva-Inclusão:Ampla,Geral e Irrestrita
redeinclusiva@yahoogrupos.com.br

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